quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Espólio de Fernando Pessoa


No dia 13 de Novembro, no CCB, em Lisboa, vai a leilão a arca com o espólio daquele que é considerado por muitos o maior poeta português – Fernando Pessoa.


O poeta fez parte de uma geração ligada ao modernismo (onde constam nomes como Picasso, Braque, Schönberg, Stravinsky, Henri James, Joyce, Jorge Luis Borges, Virginia Woolf, Kafka, Hermann Hesse, E.E.Cummings, Apollinaire, T.S.Eliot, A.Breton, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, entre outros), corrente que fazia sobressair o particular, o local, a circunstância, o pessoal, o subjectivo, o relativo e a diversidade.

Neste leilão, podemos encontrar diversos registos, tais como: papéis dispersos; poemas inéditos; apontamentos de ideias para outros; cartas; cartas astrológicas; textos; o "dossier Pessoa-Crowley"; De Secretis Livri XVII de Wecker Johann Jacob, um professor de lógica e latim que se dedicava a estudos químicos e de alquimia, que o publicou em 1583; o livro "Ciúme-Canções" de António Botto, com rectificações do autor; os números 01 e 02 da revista Orpheu e três exemplares do Sudoeste Magazine, um deles com uma dedicatória de Almada Negreiros, que fez um retrato do poeta; Contemporânea de 1922; a revista Portucale (1928); as primeiras edições dos seus livros "Antinous", "35 Sonetos" de 1918; O Interregno - Defeza e justificação da dictadura militar em Portugal"; fotografias; notas várias; anotações para antologias; projectos de revistas e outros; além de cartas trocadas com o crítico literário João Gaspar Simões.

Heteronímia: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis.

Segue o teu destino
"Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam."

Ricardo Reis

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande poesia,grande reflexão..dá que pensar nas mais pequenas,grandes coisas da vida!